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reflexões (muito!) superficiais sobre a "invasão chinesa"


Hoje recebi em casa um caderno promocional da cadeia de super-mercados americana WAL-MART, que está se espalhando em nosso país tal qual uma epidemia.

Entre os mais variados produtos possíveis, há anúncios de jogos de porcelana, com preços inacreditavelmente baixos, sem que se diga sua procedência. Pois bem, há uma loja desta cadeia bem perto de minha casa, e já pude ver estas louças. A maior parte das louças vendidas por esta rede, como era de se esperar (infelizmente!) é chinesa, muitas com embalagens que estampam verdadeiros crimes contra nosso idioma. E várias "marcas" que na verdade são fantasia, não correspondem a empresas reais, trazem como país de origem apenas RPC, ou seja, República Popular da China.

E o nosso país, que é o paraíso da passividade, e da (ultra neurótica) valorização de QUALQUER COISA que venha de fora (nosso pior traço cultural, na minha visão), mesmo que seja uma visível porcaria, fica quieto enquanto sua indústria de louças, que já foi uma das maiores do mundo, e gerava milhares de empregos, vai a cada dia encolhendo e ruindo. Muitas das poucas fábricas de louça que conseguiram sobreviver nos anos 1960/1970 à competição com a louça de vidro e plástico, nos anos 1990, com a abertura de mercado, começaram a fechar uma a uma.

Eu pude avaliar nas minhas mãos esta louça, e como quase sempre, não é de qualidade. E o pior de tudo, que no final das contas na hora da compra é o que pesa mais, é o baixo preço, ainda mais se comparado aos produtos similares, de produção brasileira:

>> jogos de jantar e chá Schmidt em ponta de estoque, com 20 peças, tem preços que variam de R$ 220 até R$ 310.

>> um aparelho de jantar e chá com 20 peças brancas, sem decoração, da Schmidt, EM PROMOÇÃO custa R$ 109 (o preço regular é R$ 139)

>> um aparelho de jantar e chá com 20 peças Schmidt, em catálogo, preço normal não promocional, custa em média mais do que R$ 500.

>> um aparelho de jantar e chá com 30 peças de faiança (Vitramik) com decoração da Oxdord está custando EM PROMOÇÃO R$ 239 (preço original: R$ 299)

>> um aparelho de jantar e chá Oxford Biona Actual com 30 peças custa R$ 179.

>> um mero conjunto de 6 pratos Germer custa de R$ 68 a R$ 110.

>> um aparelho de jantar e chá com 28 peças da Viva (Porcelana Del Porto; ex-Vista Alegre, ex-Renner) custam de R$ 190 até R$ 290.

>> um aparelho de jantar e chá com 30 peças da Cerâmica PORTO BRASIL está custando em torno de R$ 280; em promoção pode ser encontrado por R$ 200.


>> Nestas MESMAS LOJAS, os jogos de 20 peças chineses podem ser encontrados desde por volta de R$ 40, até no máximo R$ 100, sendo que a maioria custa abaixo de R$ 70.

E aí, como a nossa indústria pode sobreviver a esta devastadora competição, extremamente injusta, uma vez que estes preços baixíssimos serem possíveis não apenas pela baixa qualidade do material, mas também pelo praticamente nulo controle de qualidade, e principalmente devido ao trabalho (quase) escravo de milhares de pobre-coitados chineses, que trabalham sem a menor condição de saúde e segurança, que mesmo nos países mais atrasados já são mínimas? Sem contar que, como comprova o recente caso da cadeia de lojas CASA & VÍDEO, em muitos casos estes artigos chegam no Brasil através de contrabando, sem pagar qualquer tipo de imposto de importação!

A solução seria o protecionismo? De forma alguma! Sou defensor do livre comércio, mas este livre comércio tem que ser IGUAL PARA TODOS OS PAÍSES!

Como aceitar que a concorrência entre nossas fábricas e as orientais acontece de forma justa e limpa, quando enquanto aqui a carga tributária é IMENSA, o peso das leis trabalhistas emperra a dinâmica do mercado de trabalho, e lá na China, os trabalhadores recebem salários de fome, não tem qualquer segurança trabalhista, nenhum apoio social, médico, etc; muitas vezes tem descontados de seus salário miseráveis "moradia e alimentação", que não passa de uma senzala!

Como aceitar esta concorrência com um país, que para mim é quase certo, seja regiamente subsidiada pelo governo Chinês, numa estratégia cruel e desonesta de "domínio mundial"?

Como aceitar que nosso governo permita a importação descarada de artigos que serão usados no consumo de alimentos, e que sequer seguem a regras brasileiras e internacionais de segurança para a saúde do consumidor? (saiba mais aqui: porcelana chinesa tem alto teor de chumbo)

O que deveria ser feito é a PROIBIÇÃO de importação de QUALQUER PRODUTO (não apenas louça!!), de QUALQUER ORIGEM (não apenas da China!!), que:

- fosse resultado de trabalho escravo ou quase escravo, onde os trabalhadores são tratados como descartáveis, sem que se sigam as normas internacionais de segurança;

- pudessem apresentar riscos à saúde e segurança do consumidor, seja lá por qual razão for, em especial se não atendem às normas e regras que os produtos fabricados no Brasil são obrigados a seguir.

Apenas estas duas regras já mudaria e muito este cenário danoso para nossa indústria.

Mas outra coisa que me espanta é que os nossos industriais e os Sindicatos das Indústrias de Porcelana e Cerâmica parecem ainda mais perdidos do que nossos governantes, pois reclamar da concorrência desleal da indústria chinesa até reclamam, mas não vejo nenhuma AÇÃO EFETIVA, em cobrar do governo alguma providência, para que possamos ter concorrência sim, que é sempre boa para o consumidor, mas que esta seja em bases de igualdade.

2 comentários:

  1. Anônimo7/8/10 09:52

    A Oxford fabrica suas peças com Vitramik Pode-se considerar esse material de qualidade se comparado com o material de porcelana da Schmidt? Ficaria muitíssimo grato se recebesse resposta.

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  2. "Anônimo"

    Não dava pra se identificar?

    Vitramik era um nome comercial que a Oxford usava para uma certa linha de FAIANÇA, portanto, não dá pra comparar com porcelana.

    Atualmente a Oxford criou uma nova marca, Biona, que ficou com toda sua produção de faiança, e a marca OXFORD agora só aparece em peças de porcelana.

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